01 fevereiro, 2007

Do peito à comida caseira: saúde a vida inteira

Introduzindo Novos Alimentos enquanto a Amamentação é Continuada

Uma cuidadosa transição
Para um melhor começo na vida, a Organização Mundial de Saúde (OMS), Fundo das Nações Unidas pela Infância (UNICEF) e agências de saúde por todo mundo recomendam que as mães amamentem seus bebês exclusivamente nos primeiros seis meses de idade e que continuem amamentando enquanto introduzem outros alimentos e bebidas, até os dois anos ou mais, conforme a mãe e o bebê desejem.

O tema deste ano da Semana Mundial da Amamentação é sobre a continuação da amamentação, depois dos seis meses de vida, e a introdução de outros alimentos. Esses alimentos devem ser nutritivos, com a consistência certa e oferecidos de maneira apropriada. Consideramos que o modo como a transição da amamentação exclusiva para a amamentação continuada, e complementada com a alimentação com toda a família, é realizada como uma forma de cuidado e amor.

Alimentação complementar utilizando a comida caseira

Para uma nutrição adequada, bebês, aos seis meses de vida, precisam de outros alimentos, além do leite materno. O termo utilizado para a introdução de novos alimentos e bebidas somado à amamentação é “Alimentação Complementar”. As comidas devem ser “complementos” – fazer completo/tornar completo – da energia e nutrientes vindos do leite materno.

O tema “Amamentação e Comida Caseira” foi escolhido porque na maioria dos lares ao redor do mundo bebês maiores (06-12 meses) e crianças pequenas são alimentadas com a mesma comida de suas famílias.

Isto não significa deduzir que aos seis meses os bebês podem mudar diretamente da amamentação exclusiva para comer exatamente as mesmas refeições do resto da família. Bebês maiores e crianças pequenas precisam receber os alimentos mais nutritivos da alimentação familiar, apropriadamente preparadas (amassadas, cortadas, amaciadas) para desenvolverem suas habilidades para comer.

Começar a comer outros alimentos marca uma nova fase no desenvolvimento social, emocional e comportamental de bebês amamentados, particularmente quando outras pessoas, além de suas mães, se envolvem no processo da alimentação. Complementarmente a alimentação pode potencializar oportunidades de desenvolvimento da comunicação, coordenação e habilidades motoras podendo também se constituir como a origem das escolhas por determinados alimentos que persistem mesmo além da infância. Quando levada com amor, cuidado e paciência, o início da alimentação com outras comidas pode se constituir como um tempo de extensão e fortalecimento do vínculo entre mãe e bebê trazido pela amamentação e não seu fim.

Amamentação Continuada
A amamentação continua sendo importante para a nutrição e desenvolvimento da criança depois dos seis meses de vida. Bebês amamentados entre 06 e 08 meses obtém, em média, cerca de 70% de sua energia vinda do leite materno, este índice cai para cerca de 55% entre os 09 e 11 meses e para 40% entre 12 e 23 meses. O leite materno é também a maior fonte de proteínas, vitaminas, minerais, aminoácidos essenciais e fatores de proteção. Este fato propicia mais calorias e nutrientes por ml do que a maioria dos outros alimentos e muito mais do que cereais, farinhas de arroz ou papinhas de vegetais que são tipicamente os primeiros alimentos dados a bebês maiores. Se os estômagos dos bebês estiverem preenchidos com alimentos nutricionalmente pobres, eles receberão menos leite materno e suas dietas e saúde ficarão prejudicadas. A contribuição do leite materno é freqüentemente negligenciada em relação ao início da alimentação complementar. Dessa forma, torna-se um desafio oferecer outros alimentos para uma adição nutricional aos benefícios do leite materno, sem substituí-lo.
Entre os 06 e 24 meses, crianças crescem rapidamente e precisam de mais energia, vitaminas e minerais, porém seus estômagos são relativamente pequenos (30ml/kg peso do corpo – sobre o tamanho de um copo). Neste período as crianças precisam de alimentos altamente nutritivos que propiciem muitos nutrientes em pouca quantidade de alimento (alimentos ricos em nutrientes).
ALIMENTANDO COM SENSIBILIDADE. De acordo com as necessidades da criança

Quando bebês amamentados começam a comer outros alimentos, é necessário que um novo tipo de resposta às necessidades e sinais das crianças seja estabelecido por suas mães ou pessoas que cuidem delas. A consistência e a textura dos alimentos, como eles são oferecidos e as quantidades precisam mudar conforme as crianças crescem e aprendem como lidar com a comida em suas bocas, mastigam, a seguram, seguram uma colher e conforme conseguem se alimentar com as próprias mãos.

O que é apropriado aos seis meses não é o mesmo aos 12 ou aos 18 meses. A alimentação de acordo com as necessidades das crianças refere-se a uma alimentação receptiva e envolve cuidados na ajuda e no encorajamento para as crianças comerem (sem forçá-las), alimentando devagar e pacientemente, experimentando oferecer diferentes comidas e minimizando distrações. Desta forma, a alimentação se tornará um tempo de aprendizagem e amor. Alimentação complementar e amamentação continuada fazem parte de uma cuidadosa transição da amamentação exclusiva para a alimentação da família.

COMO INTRODUZIR OUTROS ALIMENTOS ENQUANTO A AMAMENTAÇÃO É CONTINUADA.
06-08 meses: explorando a comida e começando a comer

A princípio o objetivo maior é encorajar os bebês, que são amamentados, a experimentar ter alimentos em suas bocas. O desenvolvimento do processo da alimentação varia de um bebê para o outro. Alguns bebês demonstram maior entusiasmo para comer outras comidas aos seis meses do que outros. Além disso, não é motivo para preocupação se em alguns dias eles cuspirem a comida ou pareçam brincar com ela enquanto a consomem, afinal a maior parte da sua nutrição é proveniente do leite materno. Se as crianças recusarem alimentos, elas precisam ser encorajadas para tentar experimentar outros tipos de comidas, gostos e texturas. A amamentação sob livre demanda pode propiciar quase toda energia que bebês entre 06 e 08 meses precisam, então se eles mostram pouco interesse em comer, mas estão sendo amamentados freqüentemente, não há razão para ficar muito preocupado. A partir dos seis meses, os dois nutrientes que os bebês precisam em maior quantidade do que proveniente apenas do leite materno são o ferro e o zinco, então a prioridade deve ser oferecer carne vermelha, suplementos ou comidas enriquecidas apropriadamente.

De início, bebês necessitam de comidas mais pastosas e macias que não requerem muita mastigação como purês grossos de carne, peixe, ovos, legumes, vegetais. Alguns bebês também ficam felizes com pedaços de comidas macias como talos de verduras cozidas que eles podem segurar e sugar ou morder usando suas gengivas. Crianças amamentadas são expostas aos sabores e gostos através do leite de suas mães. Estudos sugerem que elas estão mais propensas a aceitar comidas que tenham o mesmo sabor dos alimentos ingeridos por suas mães.

Gradualmente a quantidade e a variedade de alimentos oferecidos podem ser incrementadas, aumentando a oferta de refeições para duas ou três vezes por dia. Nesta idade não existe vantagem em oferecer outros alimentos numa freqüência maior que esta, pois tal atitude pode substituir a ingestão de leite materno diminuindo, assim, o consumo total de alimento dos bebês.
09-11 meses. Comendo Mais

Bebês maiores costumam comer mais, o número de refeições oferecidas pode aumentar para três ou quatro por dia, com um ou dois lanches, se necessário. A amamentação em livre demanda deve continuar, mas é importante estabelecer um padrão regular de horários para as refeições. Novos alimentos devem continuar a ser introduzidos para ampliar a variedade na dieta e de nutrientes consumidos.

12-24 meses: Adaptando-se ao padrão alimentar da família

Em torno dos 12 meses de vida a maioria das crianças está fisicamente apta para comer os alimentos com consistência similar aos alimentos consumidos pela família. É importante que elas tenham suas próprias porções/pratos, pois elas comem tão rápido quanto os membros mais velhos da família. Além disso, alguns alimentos ainda precisarão ser cortados em pequenos pedaços ou amassados.